O humorista Leo Lins foi condenado a oito anos e três meses de prisão, mais multa, por discursos difamatórios a diversos grupos sociais.
Em 2023, um vídeo teve divulgação suspensa judicialmente depois de ter mais de 3 milhões de acessos e seu conteúdo levar o Ministério Público a processar o artista culminando em sua condenação em primeira instância, que a defesa deve recorre à instância superior.
Mais uma vez os limites do humor foram discutidos. A última em escala mundial, foi em 2015 após um massacre terrorista à sede do jornal francês Charlie Abdo, motivado por piadas contra Maomé.
Mas por aqui temos parâmetros internos bem mais rasos, simples e discriminatórios.
Isso fica claro ao colocarmos, lado a lado dois artistas com problemas por sua arte.
De um lado, Leo Lins, com sua comédia stand-up, que teria o direito fazer piadas como “Sou totalmente contra a pedofilia, sou mais a favor do incesto, se for abusar de uma criança, abusa do seu filho, ele vai fazer o quê? Contar para o pai?”, e em nome da liberdade de expressão impulsionar na internet.
De outro lado o artista, músico, Oruam, onde diversas leis municipais, país a fora, foram aprovadas e sancionadas pelos prefeitos, (lei em vigor em Cuiabá) proibindo a contratação desse artista pelo poder público municipal, por apologia ao crime.
Isso posto, pergunta-se: A tal liberdade de expressão é para quem?
Talvez se invertêssemos os temas, com um contando piadas sobre a vida nas favelas onde o crime ocorre na “normalidade” e outro cantando letras contra deficientes, pretos, velhos, crianças, judeus etc.
O resultado seria diferente?
Para qualquer dúvida era só trocar a cor de cada um e possivelmente ficaria mais fácil não remeter o nome “Oruam” a uma entidade do candomblé e sim a uma inversão na escrita de seu nome de batismo, Mauro.
“A lei que não protege meu inimigo, não me serve”, disse Rui Barbosa, mas hoje, dependeria muito de quem seria esse “inimigo”, nosso ou deles.