Dia desses escrevi aqui sobre o faz de conta que o serviço público, através das prefeituras, estava institucionalizando na vacinação contra o Covid-19.
Disse que, ao invés de se esforçar para que o cidadão comparecesse para tomar as doses programadas no dia correto, estava simplesmente, diminuído a faixa etária a ser vacinada, dando a impressão que a cidade estava cumprindo as etapas programadas rapidamente, e que, portanto, a vacinação era um sucesso.
Depois disso, piorou. O fura fila foi oficializado. A prefeitura de Cuiabá adotou a regra de esperar por três dias quem marcou sua vacina, depois disso a pessoa ia para o final da fila e começou-se vacinar pessoas até de 18 anos. Desde então reclamações começaram a surgir, dando conta que pessoas mais velhas tinham dificuldade para ser chamados e gente com 19 anos já aguardava a segunda dose. O Ministério Público reagiu. Pediu informações sobre o número das ditas pessoas que não compareceram a vacinação, número das doses aplicadas neste sistema e mandou que a ordem fosse decrescente.
Agora surge mais uma polêmica, a vacinação de presos.
Primeiro Cuiabá, que teve determinação nesse sentido, e agora Várzea Grande recebe obrigação em despacho da 3ª Vara Especializada da Fazenda Pública de Várzea Grande, atendendo pedido da Defensoria Pública do Estado.
Até quem não compareceu para se vacinar se manifesta contrário. “Absurdo, inversão de valores, contra mão da lógica, STF, etc.”.
O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 determinou 28 grupos prioritários a serem vacinados, inclusive o de pessoas presas. Alguém reclamou? Quem propôs o debate?
Que os presos seriam vacinados antes de pessoas sem comorbidade abaixo de 50 anos já se sabia quando a enfermeira Monica Calazans foi vacinada em 17 de janeiro deste ano.
Parece que olhamos somente para o fim do dia. Tudo que nos é imposto, principalmente regras, simplesmente não nos importamos, até a data da aplicação. Parece que não nos importamos por não ter a intenção de cumprir, e quando a cobrança vem, a indignação aparece.
Longe do certo e errado, a intenção é alertar, que por aqui, tudo tem seu tempo. Não deixe para reclamar amanhã o que pode virar lei ou regra hoje.
Paulo Sá, jornalista e analista político