ELZA SOARES

A voz do milênio se cala

   A morte da cantora Elza Soares, nesta quinta-feira (20), aos 91 anos, acontece no mesmo dia da de Garrincha, com quem teve um relacionamento por 17 anos. O craque do Botafogo e bicampeão mundial pela seleção brasileira também morreu no dia 20 de janeiro, há 39 anos: em 1983.

A cantora e compositora brasileira morreu em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais.

O corpo da cantora será sepultado no Jardim da Saudade Sulacap, na tarde de sexta-feira (21), depois do velório no Teatro Municipal do Rio.

Segundo Pedro Loureiro, empresário de Elza, ela havia gravado um DVD dois dias antes. Elza acordou e fez fisioterapia. Estava com a respiração ofegante, mas garantiu a todos que estava bem. Mas foi ficando mais ofegante e disse aos familiares: “Eu acho que eu vou morrer”.

A declaração acendeu o alerta: os familiares foram checar sua pressão e oxigenação, e notaram uma pequena alteração. Pedro e os familiares chamaram o médico de Elza, que enviou uma ambulância para o local por precaução, mas 40 minutos depois, Elza foi mudando o semblante, até que apagou.

Para o empresário foi como a cantora queria, sem sofrimento.

CARREIRA

Por volta dos 20 anos fez seu primeiro teste como cantora, na academia do professor Joaquim Negli. Foi contratada para a Orquestra de Bailes Garan e seguiu no Teatro João Caetano.

Ela começou a se destacar na música como parte da cena do sambalanço com “Se Acaso Você Chegasse”, em 1959.

Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora Elza Soares foi eleita como a Voz do Milênio, com 34 discos lançados, ela se aproximou do samba, do jazz, da música eletrônica, do hip hop, do funk e dizia que a mistura era proposital. O último disco lançado foi “Planeta Fome”, em 2019.

HISTÓRIA

Elza Gomes da Conceição era filha de uma lavadeira e de um operário, foi criada na favela de Água Santa, subúrbio de Engenho de Dentro. Elza cantava, desde criança, com a voz rouca e o ritmo sincopado dos sambistas de morro.

Casou-se obrigada aos 12 anos, virou mãe aos 13 e viúva aos 21. Foi lavadeira e operária numa fábrica de sabão. Perdeu quatro filhos: dois foram os primeiros filhos de Elza em gestações que aconteceram quando ainda era criança. Eles morreram recém-nascidos.

Garrinchinha, único filho que a cantora teve com o jogador, morreu aos 9 anos em um acidente de carro em 1986, e Gilson faleceu aos 59 anos, em 2015, por complicações de uma infecção urinária.

SÍMBOLO

Seu relacionamento com o jogador Garrincha foi conturbado, marcado por episódios de violência doméstica.

Empoderada, Elza se tornou uma das maiores referências no combate à violência contra mulher ao cantar “Maria da Vila Matilde”, no álbum “Mulher do Fim do Ano”, de 2015.

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