LUTO

A vida do Papa Francisco, primeiro papa sul-americano

Morreu nesta segunda-feira, 21/4, aos 88 anos, o papa Francisco, primeiro papa sul-americano e não europeu da história da igreja Católica.

No último domingo, 20/4, Domingo de Páscoa, ele fez uma aparição pública na Praça São Pedro, no Vaticano, e desejou “Feliz Páscoa” aos milhares de fieis que estavam no local.

Após a bênção, o Papa foi conduzido pela praça. Ao passar pela multidão, sua procissão parou várias vezes para que bebês fossem trazidos para ele abençoar.

Francisco havia sido internado no hospital Gemelli, em Roma, em fevereiro deste ano, para passar por tratamento e exames de bronquite. Após algumas semanas de internação, ele recebeu alta.

Aos 76 anos de idade, o cardeal Bergoglio da Argentina se tornou o primeiro pontífice das Américas e do hemisfério sul em 2013. Converteu-se também no primeiro papa jesuíta — ordem que, historicamente, era vista com desconfiança por Roma. Desde a morte de Gregório 3º, nascido na Síria em 741, todos os papas haviam sido europeus.

Findo o pontificado conservador de Bento 16, muitos católicos presumiram que o papa seria um homem mais jovem. Bergoglio se apresentou como um candidato de centro: apaziguando os conservadores com visões ortodoxas sobre questões sexuais, ao mesmo tempo que acenava aos reformadores com posições liberais a respeito de justiça social.

Esperava-se que seu histórico pouco ortodoxo ajudasse a rejuvenescer o Vaticano e revigorar sua missão sagrada. Porém, dentro da burocracia do Vaticano, algumas das tentativas de reforma de Francisco encontraram resistência e seu antecessor permaneceu popular entre os tradicionalistas.

Desde o momento de sua eleição, Francisco indicou que faria as coisas de forma diferente. Recebeu seus cardeais informalmente e de pé, em vez de sentado no trono papal.

Em 13 de março de 2013, o papa Francisco apareceu na sacada com vista para a Praça de São Pedro. Vestido simplesmente de branco, ele usava um novo nome que homenageava São Francisco de Assis, o pregador do século XIII e amante dos animais.

Francisco queria que seu papado fosse marcado pela humildade e não pela pompa e cerimônia. Após sua eleição, dispensou a limusine papal e insistiu em voltar com o ônibus que levava outros cardeais de volta para casa.

O novo papa estabeleceu uma missão moral para o rebanho de 1,2 bilhão de pessoas. Em sua primeira audiência com a imprensa, poucos dias após sua escolha, disse: “Como eu gostaria de ter uma Igreja pobre para os pobres”.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, o primogênito de cinco filhos. Seus pais haviam fugido de sua terra natal, a Itália, para escapar do fascismo.

Bergoglio gostava de dançar tango e se tornou torcedor do San Lorenzo, seu clube de futebol local.

Teve a sorte de escapar com vida após um grave ataque de pneumonia, sendo submetido a uma operação para remover parte de um pulmão. Isso o deixaria suscetível a infecções por toda a vida.

O jovem Bergoglio trabalhou como segurança de boate e varredor de chão, antes de se formar como químico.

Em uma fábrica, trabalhou ao lado de Esther Ballestrino, bioquímica e ativista política que se opunha à última ditadura militar argentina (1976-1983). Ballestrino, uma das vítimas de desaparecimento forçado do regime, foi torturada e seu corpo nunca foi encontrado.

Bergoglio abraçou a ordem dos jesuítas, estudou filosofia e lecionou literatura e psicologia. Ordenado uma década depois, foi promovido rapidamente, tornando-se superior provincial da Argentina em 1973.

Em 1992, Bergoglio foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires e depois se tornou arcebispo. Em 2001 foi nomeado cardeal pelo papa João Paulo 2º e assumiu diversos cargos na Cúria, o corpo administrativo do Vaticano.

O cardeal argentino cultivou a reputação de um homem de gostos simples: viajava de avião na classe econômica e preferia usar a batina preta de padre, em vez do vermelho e roxo correspondentes ao seu novo cargo.

Em seus sermões, pedia inclusão social e criticava os governos que descuidavam dos mais pobres da sociedade. “Vivemos na parte mais desigual do mundo, a que mais cresceu, mas a que menos reduziu a miséria”, ele teria dito em uma conferência de bispos latino-americanos em 2007, segundo o National Catholic Report.

Como papa, Francisco buscou remediar a ruptura de mil anos com a Igreja Ortodoxa Oriental. Em reconhecimento, pela primeira vez desde o Grande Cisma de 1054, o Patriarca de Constantinopla participou da instalação de um novo Bispo de Roma, como também é chamado o papa.

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