Nos últimos anos, a palavra “direita” ganhou contornos distorcidos no debate público brasileiro. Em Mato Grosso, essa deturpação se tornou ainda mais evidente: qualquer movimento ou bancada que se autoproclame de direita é, quase automaticamente, associada a atos extremados, discursos inflamados e práticas políticas de confronto. Essa visão reducionista empobrece a compreensão do papel que esse espectro político pode desempenhar na construção de um Estado mais justo e equilibrado.
A chamada bancada de direita em Mato Grosso, quando analisada em sua atuação parlamentar, vai além da retórica barulhenta que muitas vezes domina os noticiários nacionais. Seu trabalho tem buscado, em linhas gerais, o fortalecimento da arrecadação e a criação de políticas fiscais que sustentem o equilíbrio entre interesse público e bem-estar social. É claro que há excessos e contradições – inevitáveis em qualquer campo político –, mas reduzir toda uma construção política a rótulos pejorativos apenas reforça a polarização que paralisa o debate democrático.
O desafio está em compreender que ser de direita não significa, necessariamente, ser contra pautas sociais ou atuar em defesa exclusiva do mercado. Em Mato Grosso, é possível identificar iniciativas que dialogam diretamente com a melhoria da qualidade de vida da população. Essa é uma dimensão pouco explorada pela opinião pública, justamente porque o debate político tem se resumido a ataques recíprocos entre polos ideológicos.
Superar essa visão dualista é essencial para que possamos enxergar o cenário político local com mais maturidade. Reconhecer avanços não significa ignorar erros, mas, sim, admitir que a direita mato-grossense não pode ser confundida com caricaturas produzidas pela polarização.
Mais do que rótulos, o que a sociedade espera é que suas lideranças apresentem projetos consistentes, com responsabilidade e compromisso com o futuro do Estado. A direita, se quiser reafirmar sua legitimidade, deve continuar a se afastar dos discursos extremistas e reforçar sua face pragmática, voltada para a gestão eficiente, o fortalecimento institucional e o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e justiça social.
No fim, a superação da polarização política em Mato Grosso – e no Brasil – passa por compreender que esquerda e direita não precisam existir como inimigos absolutos, mas como perspectivas distintas que podem se complementar na construção do bem comum.
Escrito por
Mariane Andressa Carreira de Souza Santana
Advogada
Mestre em Políticas Sociais