ENTENDA O DIFERENCIAL

A Geração Z veio para desafiar e revolucionar o mundo empresarial

Suas principais características são ser autodidatas, ágeis, sempre conectados e críticos. Essa é a geração Z , nascida entre os anos de 1996 e 2010, que está revolucionando o mercado de trabalho, trazendo novas perspectivas e impondo limites. São eles os responsáveis por fazer as empresas repensarem suas estruturas, rotinas e valores. A diferença que carregam em relação a outras gerações está na importância dada à saúde mental, ao propósito e à flexibilidade no emprego. 

Segundo o relatório Tendências de Gestão de Pessoas, do Ecossistema Great People & GPTW, 68,1% das empresas afirmam ter dificuldades em lidar com a geração Z no ambiente corporativo. A dificuldade de comunicação entre gerações aparece como um dos principais entraves, dado reforçado por uma pesquisa da empresa de saúde Alice, em parceria com a Beneficência Portuguesa de São Paulo, Grupo Fleury e Flash: 48,4% dos jovens da geração Z desejam mais flexibilidade por parte do empregador, especialmente em situações pessoais delicadas. 

Para a psicóloga e formanda em neuropsicologia Mari Alves, a grande virada dos jovens é a agilidade e a facilidade em aprenderem sozinhos. 

“Essa geração nasceu em um mundo digital. São autodidatas, o que é uma grande vantagem. No ambiente de trabalho, onde raramente há tempo para treinamentos longos, eles aprendem sozinhos, buscam soluções e ainda trazem inovação”, afirma. 

Além disso, destaca-se o senso de urgência: “A geração Z não espera dias por um e-mail: eles ligam, mandam mensagem, resolvem. São práticos e objetivos.” 

A aversão dessa geração a estruturas engessadas está diretamente ligada ao fato de terem crescido com acesso a infinitas possibilidades encontradas na internet, múltiplas referências culturais, redes sociais e liberdade de expressão. É fundamental para esses jovens ter voz ativa no ambiente de trabalho. 

“Eles querem participar, opinar. Uma empresa muito hierárquica bloqueia isso, o que acaba afastando esse perfil”, reforça a psicóloga.

O significado do trabalho também é ressignificado por esse grupo. Eles não veem o emprego apenas como fonte de renda, o trabalho faz parte de sua identidade. Não à toa, uma das respostas mais frequentes da pesquisa da Alice foi: “O trabalho representa um pouco do que sou”, com 40,9% dos entrevistados. 

Essa nova forma de se relacionar com o trabalho também evidencia os impactos psicológicos de ambientes tóxicos ou incompatíveis. A psicóloga alerta para os riscos: 

“Quando não há identificação com a atividade, isso pode gerar um sentimento de vazio, desmotivação, até depressão. Hoje, o trabalho precisa fazer sentido. Se não, há consequências graves para a saúde mental.” 

As empresas que não entenderem essas mudanças podem estar fadadas ao fracasso iminente. A geração Z não é mais o futuro, ela é o presente. 

“Essa geração está mudando os negócios. Veja o caso da Coca-Cola, que agora vende mais Coca Zero do que a tradicional é reflexo direto do novo consumidor. Quem melhor do que essa geração para compreender o que está por vir?”, provoca Mari. 

Por outro lado, as queixas mais comuns de recrutadores também merecem destaque. Segundo a pesquisa da plataforma ResumeBuilder, mais de 30% dos profissionais já demitiram um Gen Z em até 30 dias após o início do contrato. 

Entre os principais problemas relatados durante o recrutamento estão: Falta de vestimenta adequada (58%), ausência de contato visual (57%), exigências salariais incompatíveis (42%), dificuldades de comunicação (39%), aparente desinteresse ou desengajamento (33%).

 A geração Z não é apenas o futuro que virá é uma realidade moldando o presente. E quem não acompanhar esse movimento corre riscos. Esses jovens não trazem apenas a energia da juventude, mas uma nova forma de pensar, de estruturar e de executar o trabalho. 

Para que haja uma relação saudável entre esses novos profissionais e as empresas, é preciso esforço dos dois lados: jovens mais preparados para o ambiente corporativo e empresas mais abertas às transformações que essa geração propõe.

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