Entidades estudantis de Mato Grosso denunciam um conluio entre Governo do Estado e membros do Conselho Estadual de Educação (CEE) para exclusão da União Nacional dos Estudantes (UNE) da entidade. A polêmica teve início após o conselheiro Wesley Snipes Corrêa da Mata, representante dos alunos de ensino superior no CEE, manifestar-se contrariamente à habilitação da UNE para compor o conselho, durante reunião plenária realizada em 19 de fevereiro. A decisão foi classificada como um “golpe” contra a representação legítima dos estudantes mato-grossenses.
Por meio de uma Carta Denúncia, assinada por 20 entidades representativas da classe estudantil, a UNE acusa o governo estadual de agir em benefício dos setores privados da educação com ajuda do próprio conselheiro Wesley da Mata, que, segundo elas, traiu o movimento estudantil ao defender interesses contrários aos da catgeoria.
“Wesley da Mata não nos representa. Sua postura é uma afronta à luta histórica da UNE e dos estudantes mato-grossenses”, diz trecho da carta.
A denúncia também questiona o papel da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) no processo, já que a instituição foi utilizada como base jurídica para justificar a exclusão da UNE. Com a nova formatação, os alunos das universidades privadas, perdem a sua representatividade, já que a UNE é a única instituição que os representa.
“Qual o objetivo da gestão da UNEMAT ao interferir na autonomia do movimento estudantil? Seria do interesse da universidade retirar dos estudantes das instituições privadas o seu legítimo direito de representação?”, indagam as entidades.
No documento, as lideranças reforçam que a UNE, que atua há 87 anos na defesa dos direitos estudantis em todo o país, busca manter sua cadeira no CEE como representante dos estudantes de ensino superior do estado e afirma que atualmente, o próprio Wesley da Mata ocupa essa posição, o que levou as entidades a questionarem a incoerência de sua manifestação.
“É totalmente incompreensível que o CEE julgue que a UNE não representa os estudantes de Mato Grosso”, afirmam as entidades.
A carta destaca ainda a trajetória histórica da UNE, lembrando sua atuação em momentos cruciais da história do Brasil, como a campanha “O Petróleo é Nosso”, a resistência durante a ditadura militar e as recentes mobilizações pelos 10% dos royalties do pré-sal para a educação. “A UNE é uma entidade que construiu sua legitimidade na luta pela educação e pela democracia. Excluí-la do CEE é um ataque direto aos estudantes”, afirmam os signatários.
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
Além da UNE, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) também enfrenta resistência para manter sua representação no CEE. A Secretaria Estadual de Educação criou uma “secretaria de grêmios” que, segundo as entidades, tem o objetivo de substituir a UBES no conselho. “Isso é mais uma tentativa de enfraquecer a representação legítima dos estudantes”, afirmam.
O movimento estudantil reforçou seu compromisso com a democracia e a transparência, anunciando que tomará medidas para revogar a decisão do CEE e garantir a manutenção da UNE no conselho.
“Lutaremos em defesa dos estudantes mato-grossenses — pelos de agora, pelos que virão e em memória daqueles que vieram antes de nós, como Honestino Guimarães, Edson Luís e Jane Vanini”, conclui a carta.
A UNE e as demais entidades signatárias afirmam que Wesley da Mata não mais representa os estudantes e que buscarão sua expulsão do cargo de vice-presidente da UNE em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O movimento promete mobilizações e ações para reverter a decisão do CEE e garantir a participação efetiva dos estudantes nas decisões sobre a educação no estado.