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Jovem internado ingeriu bebida adulterada com metanol, aponta exame

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Mato Grosso (CIEVS-MT), serviço da Secretaria de Estado de Saúde (SES), confirmou nesta quarta-feira (22) o primeiro caso de intoxicação por metanol do estado. A confirmação envolve um paciente de 24 anos, do sexo masculino, residente no município de Várzea Grande O jovem recebeu duas doses do antídoto Fomepizol.

O medicamento atua como inibidor da enzima álcool desidrogenase, impedindo que o metanol seja metabolizado pelo organismo e evitando complicações graves. O paciente passou por avaliação oftalmológica, que identificou neurite óptica bilateral (inflamação do nervo óptico em ambos os olhos, causando sintomas como perda de visão, dor ocular, dificuldade com a visão de cores e sensibilidade à luz), e também foi avaliado pela equipe de neurologia, que solicitou uma ressonância magnética de crânio para análise detalhada do quadro clínico.

A lesão ocular é considerada irreversível, uma das complicações mais graves decorrentes da exposição. De acordo com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), o paciente encontra-se acordado, alimentando-se normalmente e respirando sem suporte de oxigênio.

Desde o momento da notificação do caso suspeito, as equipes do CIEVS, do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) e das Vigilâncias do Estado e dos municípios de Cuiabá e Várzea Grande realizaram o acompanhamento clínico, a investigação epidemiológica e o acionamento dos protocolos de contingência previstos.

Atualmente, a Vigilância Sanitária do Estado, em parceria com a Polícia Civil, Procon e órgãos de segurança, conduz ações de rastreabilidade da bebida potencialmente contaminada, com o objetivo de identificar a origem do produto e impedir sua circulação no mercado.

As equipes continuam mobilizadas para apurar se o episódio é pontual ou se há risco ampliado à população, com prioridade máxima para a interrupção de novos casos. Além do caso confirmado, há um caso suspeito em investigação, registrado pelo município de Água Boa.

“As equipes técnicas trabalharam de forma intensa nos últimos dias e a confirmação do primeiro caso acende um alerta para a população de Mato Grosso, que deve estar ainda mais vigilante em relação à procedência das bebidas alcoólicas para consumo. Fiquem atentos às recomendações do CIEVS e procurem uma unidade de saúde em caso de sintomas suspeitos após a ingestão de álcool”, enfatizou o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo.

Neste momento, o CIEVS recomenda à população:

•    Não consumir bebidas alcoólicas de origem duvidosa, sem registro sanitário ou comercializadas em locais irregulares;

•    Desconfiar de preços muito baixos e embalagens adulteradas ou com rótulos danificados;

•    Verificar o selo fiscal (IPI) e a integridade do lacre antes de consumir bebidas destiladas, como whisky, vodca ou cachaça;

•    Ficar em alerta com produtos artesanais sem controle sanitário, pois podem conter substâncias perigosas como o metanol;

•    Ficar atento aos sintomas que podem surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão, como: visão turva ou embaçada, flashes luminosos ou cegueira súbita, tontura, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Em casos graves: rebaixamento de consciência, convulsões e coma.

Diante de qualquer desses sinais após o consumo de bebida alcoólica, o cidadão deve procurar imediatamente uma unidade de urgência (UPA ou Pronto-Socorro). Em caso de evidências para a suspeita de intoxicação por metanol, a unidade deve notificar imediatamente as autoridades sanitárias. O atendimento rápido pode ser determinante para evitar complicações graves.

O metanol é utilizado na indústria como solvente, combustível ou componente de produtos de limpeza. Mesmo em pequenas quantidades, sua ingestão pode causar danos neurológicos, hepáticos e visuais severos, podendo evoluir para cegueira permanente ou óbito.

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