O mês de agosto se torna um importante aliado contra a violência a mulher no Brasil. Sendo um mês de conscientização que vem para informar, proteger e educar a população.
Dando um destaque em Mato Grosso, onde os dados são alarmantes, é possível entender que o problema é bem mais profundo, é estrutural. Em 2024, foi o segundo ano seguido que o estado teve maior taxa proporcional de feminicídios do país, foram 47 assassinatos por questão de gênero.
A Delegada Judá Maali, titular da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher de Cuiabá, explica que durante esse mês os registros contra os agressores aumentam. Mostrando que as campanhas encorajam as mulheres vítimas de violência a denunciar e buscar ajuda.
“As mulheres se sentem mais encorajadas a denunciar quando veem informação circulando, serviços de apoio sendo divulgados e exemplos de acolhimento”, disse a delegada.
Infelizmente existem barreiras que ainda persistem e que fazem o ciclo continuar, e a titular da Delegacia da Mulher nomeia quais são:
- Medo do agressor e de represálias;
- Dependência financeira e emocional;
- Vergonha ou culpa incutida pela sociedade;
- Falta de apoio da família ou da comunidade;
- Desconhecimento da rede de proteção
A cultura de que mulheres são “propriedades” dos homens é intensa no estado, o que justifica os números alarmantes e notícias brutais. São ensinamentos passados de geração em geração, são crianças que veem o comportamento agressivo do pai para com a mãe e que entendem que aquilo é normal, reproduzindo o mesmo mais tarde. Ou são mulheres que são ensinadas a se manterem caladas e submissas às atitudes masculinas. A Delegada afirma que devem haver mudanças culturais para a melhora.
“Ainda existe a ideia equivocada de que violência doméstica é ‘briga de casal’ ou ‘problema particular’. A sociedade precisa compreender que é crime e tem consequências graves — inclusive o feminicídio. A mudança cultural exige combater o machismo, a naturalização do ciúme e do controle, e desconstruir estereótipos que colocam a mulher como ‘propriedade’ do homem”, disse.
São políticas públicas que podem mudar e evoluir a conduta da população, ampliando programas que já existem, mas que não conseguem suprir a todas as vítimas.
“Ampliar casas de acolhimento e programas de moradia para mulheres e filhos. Ampliar centros de atendimento psicológico e jurídico à vítima; Maior investimento em prevenção: educação de crianças e adolescentes sobre igualdade de gênero. Garantia de autonomia financeira às vítimas, com políticas de emprego e renda”, destaca a entrevistada.
E, para ajudar as vítimas ou prevenir, a Delegada salienta algumas ações possíveis: Denunciar casos suspeitos (Disque 197, Disque 180, Disque 100), oferecer apoio emocional e prático às vítimas, promover informação em escolas, igrejas, associações e empresas e não julgar a vítima quando ela retorna ao relacionamento, mas reforçar a importância de sua proteção.
“Denunciar é um ato de coragem e também de proteção para você e para seus filhos. A violência nunca é culpa da vítima, e cada relato ajuda a salvar outras vidas. Ao menor sinal de violência, procure a polícia civil e denuncie!” finaliza Judá.