Talvez você já tenha se feito essa pergunta, se é possível conciliar trabalho com felicidade. Comigo tudo aconteceu a partir de um processo em que precisei passar por várias áreas – e desempenhar inúmeros papéis – para chegar até aqui. Hoje, observo que essa bagagem é fundamental para que eu possa ajudar outras pessoas a encontrarem o seu próprio caminho.
Falar de transição de carreira costuma gerar emoções contraditórias. Para alguns, desperta algo muito bom: mudança, recomeço, desafios e o início de uma nova aventura. Mas, uma grande maioria de brasileiros tem medo de buscar outra atividade ou profissão com a qual tenha mais afinidade (e prazer) e não conseguir pagar as contas ou achar que está “velho” demais para isso.
A pandemia veio como catalisadora de transformações latentes: “Não fugi das minhas tempestades, fiquei para lavar a alma. E de chuva em chuva, aprendi a ser sol”. Admito que muitas vezes precisei ficar e enfrentar as tempestades, pois precisava cuidar de mim e da minha família. Porém, chegou o momento de colocar em prática ensinamentos valiosos: “Eu me amo e por isso trabalho com aquilo que amo muito”.
Uma pesquisa da consultoria de RH EDC Group mostra que esse mesmo sentimento que eu descrevi tem sido muito comum entre a população brasileira, já que 91% dos entrevistados mudaram seu propósito de vida durante a pandemia. Mais da metade (53%) perdeu o interesse pela atividade que desempenhava e resolveu buscar um trabalho que oferecesse mais tempo com a família, jornada flexível e possibilidade de se dedicar a hobbies, lazer e esportes.
Talvez você esteja pensando em mudar. Como saber qual a hora certa ou de que maneira fazer a transição? Partindo da minha experiência, sempre oriento a se observar, primeiro, se a sensação de desconforto é com a atividade específica com a profissão ou o local onde está trabalhando. Nenhuma transição é possível sem essa jornada de “autoconhecimento”, que é olhar para dentro de si e encontrar as respostas.
Sinal amarelo (de alerta) quando o local onde estamos “violenta” nossos princípios e valores. A desconexão com o nosso propósito de vida pode desencadear no corpo diversas doenças (físicas e/ou emocionais), portanto, vamos estar atentos e buscar apoio adequado para fazer as mudanças necessárias. O ideal seria contar com uma equipe profissional composta por médicos, psicólogos, terapeutas e mentores.
Fique aberto para a sensação de “alma está lavada”, que é quando já tomamos todas as chuvas possíveis e estamos prontos para assumir o verdadeiro papel no mundo. Na formação da Louise Hay, que fiz no fim de 2022, percebi que não adiantava apenas dizer palavras positivas, meditar e olhar no espelho para fortalecer a autoestima, era necessário agir, sair da zona de conforto e encontrar novas respostas.
Doce é a ilusão de quem acha que vai ser feliz “se” ganhar na loteria ou “quando” se aposentar. Trabalhar é algo muito rico, que nos impulsiona a vencer desafios, sejam eles internos ou externos. É nesse ambiente onde passamos, talvez, a maior parte das nossas vidas que somos convidados a conciliar a necessidade com a felicidade. Enxergar oportunidades na adversidade é um exercício que podemos começar agora e que transforma a maneira como nos relacionamos com o trabalho.
Há alguns meses saí de um emprego público onde estive nos últimos 10 anos para realizar um antigo sonho: montar um novo negócio na área de desenvolvimento humano junto com o meu marido. Apesar de ter me preparado por tanto tempo, também me deparei com diversas inseguranças e dificuldades, o que é absolutamente normal. O importante é que fiz esse movimento tendo a certeza de que enfrentaria qualquer coisa para realizar o meu propósito.
Começar do zero após os 50 anos pode ser muito divertido sabia? Estou aprendendo a ter mais confiança em mim mesma e na vida, me abrindo para aprender inúmeras coisas novas diariamente, tenho estudado muito (o que é ótimo para o cérebro!) e, principalmente, tenho me permitido errar, porque ao amadurecer muitos de nós perde essa capacidade incrível de se tornar vulnerável, como uma criança a dar seus primeiros passos no mundo.
A frase do filósofo chinês Confúcio ilustra bem do que estamos tratando: “Escolhes um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”. O preço para a felicidade pode ser muito alto e muitos de nós não estarão dispostos a pagar, o que está tudo bem. Mas ouvir o chamado da alma me transformou completamente e pode transformar você. Você está disposto ou disposta a olhar para isso? A dar um passo em direção à mudança e à felicidade?
Carmen Hornick, advogada e professora na área do Direito, especializada em Direito Sistêmico, professora de Comunicação Empresarial, Jurídica e Oratória, Personal and Executive Coach, facilitadora do Método Louise Hay e escritora.
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