ARTIGO

E a política, hein?

As eleições municipais de 2024 estão levantando a máscara da perdição em que se encontra a política brasileira. De resto, o Brasil navega no mesmo barco com o casco furado. Aqui também.

Num mundo de profundas transformações a política continua repetindo as velhas fórmulas que vem desde o Império. A escolha dos candidatos a cargos públicos de representação sempre foi uma armação das elites políticas. Veja o exemplo da Velha República quando a política do “café com leite” fazia a alternância entre Minas e São Paulo na presidência da República. Os candidatos de cada Estado eram escolhidos por uma elite econômica para representá-los e aos seus interesses. Jamais o povo.

Vejamos as escolhas desta eleição municipal em Cuiabá. Cito aqui porque é a capital e tem a obrigação de respeitar uma hierarquia de importância política dentro do estado. Sem contar todas as enormes expectativas de crescimento econômico de Mato Grosso nesses próximos anos.

As escolhas políticas para a direção da capital remontam ao velho sistema do Império. Tudo é conduzido como projeto de poder político. Sem projeto de gestão. Nesses próximos quatro anos dados do Instituto Mato-grossense de Pesquisa Agropecuária – IMEA, são de que praticamente se dobrará a atual produção econômica estadual. Por detrás de cada avanço no desenvolvimento econômico virão investimentos numa proporção equivalente. Isso repercute na capacidade da capital de responder ao seu papel de prestadora de serviços públicos e privados com qualidade. E de hospedar os serviços públicos estaduais que atendem a todo o estado.

Tapar buracos nem deveria estar na agenda dos candidatos. Muito menos os favores ao funcionalismo público em troca de votos, ou as promessas de obras dispersas aqui e ali. Na agenda dos candidatos não deveria constar nada que não fosse estratégico. O corriqueiro do cotidiano é natural. Tem a chamada estrutura da prefeitura pra cuidar.

Um sistema tão antigo assim tem que preocupar os eleitores. Estarão elegendo capatazes pra cumprir tarefas inexpressivas, e não estrategistas capazes de olharem pro amanhã. Olhar e compreender. Futuro chega de um modo ou de outro.

A mediocridade da atual gestão não justifica outra gestão medíocre. O cidadão espera eficiência e decência.

Olho com grande apreensão tanto a eleição como a próxima gestão, a considerar pelo que vejo nas armações políticas para o projeto de poder. Não de gestão. Os eleitores não merecem isso!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

[email protected] jornalista.onofreribeiro/instagram

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