DEBATES DE CAMPANHA ELEITORAL

É ruim porque gostamos assim

É ruim porque gostamos assim

 

Se antes de a direita brasileira ter, assim como a esquerda, um ídolo, os debates traziam poucas novidades e ideias para o desenvolvimento e correção à política brasileira, depois do surgimento de Bolsonaro, caímos em um jogo de cartas marcadas onde é possível antecipar as jogadas.

Desde que deixou de ser novidade, nos anos 90, o formato de debates está mais para “show”, e é apresentado como se fosse um ringue onde adversários se esbofeteiam, e o objetivo é a audiência e não a prestação de serviço a população, para melhor informação a respeito dos que colocaram o nome para apreciação popular.

O nível de apresentação de propostas para os problemas brasileiros é tão próximo do zero, que após um debate, ninguém pergunta aos amigos: “que achou da proposta de fulano para tal problema”?

A primeira pergunta a ser respondida é “quem ganhou o debate”?

E está virando regra, cada um falando para seu grupo, seus fãs.

Quem ainda busca um lugar ao sol, que ainda é desconhecido do grande público, acaba por se dar melhor nos debates, já que o objetivo é se apresentar, mesmo que seja distribuindo cacetadas.

Triste saber que se nós brasileiros não gostássemos desse formato de proposta zero e agressão 10, as coisas certamente seriam diferentes.

Enquanto comentamos quem ganhou a luta de “telecatch”*  o destino do país que se vire, dê seu jeito, pois aqui fora, nós, enquanto cidadãos e eleitores, também fazemos o mesmo, vamos brigando com parentes e amigos, não por defender causa ou projeto, mas por que gostamos muito de quem deveria ser um funcionário e se tronou ídolo.

Então nos ajeitemos nos sofás e aproveitemos porque a campanha e curta.

 

*(Telecatch era um programa de televisão destinado a exibição de combates de luta-livre onde a encenação teatral, combate e circo se misturavam).