Cristiane Amaral
A maternidade é uma jornada repleta de desafios, conquistas significativas e momentos de celebração. Mas é importante reconhecer que, nesta fase da vida, as mulheres ficam mais suscetíveis a transtornos mentais devido a uma série de fatores, como alterações hormonais, mudanças na rotina e pressões sociais.
Neste contexto, é fundamental estar atento aos sinais de alerta que podem indicar a necessidade de cuidado e intervenção, entre eles, cansaço físico acompanhado por sentimentos persistentes de tristeza, falta de energia, desinteresse pelas atividades cotidianas e alterações de sono, já que tudo isso pode indicar depressão.
A exaustão pode ser indício de burnout quando o cansaço, já esperado na fase da maternidade, sobretudo quando as crianças são pequenas, associa-se a sentimentos de esgotamento emocional, despersonalização e distanciamento emocional em relação às responsabilidades maternas e falta de realização pessoal.
Uma preocupação se torna um transtorno de ansiedade quando deixa de ser pontual e normal de questões cotidianas e avançar para uma preocupação excessiva, persistente, que interfere nas atividades diárias e causa sintomas físicos, entre eles, tensão muscular, irritabilidade e dificuldade de concentração.
Diante de um quadro de adoecimento coletivo, que acontece devido a vários fatores sociais, culturais, econômicos e até ambientais, leia-se a tragédia que estamos vivenciando no Rio Grande do Sul e que já afetou mais 1,5 milhão de pessoas, é fundamental que as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde mental.
O objetivo é identificar precocemente os sinais de alerta para garantir e promover o bem-estar emocional das mães. Também precisamos urgentemente criar ambientes de apoio e compreensão, reduzindo o estigma em torno da saúde mental materna, para que elas se sintam encorajadas a buscar ajuda.
Como profissional que trabalha com o desenvolvimento humano, observo que a maternidade se tornou uma experiência muito mais complexa porque os movimentos de conquistas de direitos femininos não vieram acompanhados de outras mudanças necessárias. Então, o que era para ser muito bom, desdobrou-se em jornadas duplas e até triplas para as mulheres.
Mesmo desempenhando, hoje, inúmeras funções, as mães contam com pouco ou nenhum apoio, seja de companheiros, da família, do poder público ou mesmo das empresas, que frequentemente demitem mulheres após a licença-maternidade, pagam salários menores e às vezes nem contratam mães.
Como contraponto a este contexto de sobrecarga e adoecimento, surgiram movimentos importantes como o empreendedorismo feminino, que permite a muitas mulheres conciliarem as responsabilidades da maternidade com o trabalho e assim gerar renda para suas famílias e comunidades, além de impulsionar a economia e inspirar outras mulheres.
As mães ativistas também cumprem outra função essencial ao liderar movimentos por justiça social, igualdade de gênero, direitos das crianças e proteção ambiental. Essas mulheres corajosas estão levantando suas vozes, organizando protestos, promovendo conscientização e pressionando por mudanças positivas.
Neste Dia das Mães, vamos celebrar a diversidade e o poder das mães modernas que não se encaixam em um único estereótipo, em vez disso, são mulheres multifacetadas que estão moldando o mundo de maneiras extraordinárias e são capazes de equilibrar responsabilidades, superar adversidades e inspirar aqueles ao nosso redor.
Para a psicologia, todas essas ações coletivas e o engajamento em causas nobres fortalecem o senso de propósito e o pertencimento feminino, promovendo mais saúde emocional. Portanto, que esta revolução das mães continue a inspirar, capacitar e criar um futuro brilhante, para elas mesmas, claro, e a todas as gerações que virão!
Cristiane Amaral, psicóloga com formação em transtorno de ansiedade e depressiva no Instituto Albert Einstein