Mesmo com a trégua entre Estados Unidos e China na guerra tarifária anunciada nesta segunda-feira (12), produtores de soja brasileiros avaliam que o agro nacional ainda pode sair “ganhador” neste ambiente, desde que o mercado global reaja com alta nos prêmios de exportação pagos à soja do Brasil.
Mesmo assim, o momento exige cautela, pois o cenário é complexo e exige leitura atenta da formação de preços e da demanda internacional.
Grandes produtores ouvidos pela reportagem apontam que a lógica é clara: tarifas impostas à soja americana reduzem a competitividade dos Estados Unidos no comércio global, especialmente na China.
Com isso, compradores podem redirecionar suas importações para a América do Sul. O Brasil, maior exportador mundial, ganha protagonismo — mas os efeitos não são automáticos.
Dados do Departamento de Agricultura dos EUA mostram que o mercado vive um momento de superávit global e ainda vai colher mais até o fim do ano. O Brasil vem colhendo safras recordes, e a Argentina voltou ao mercado após perdas climáticas no ciclo anterior. Com a oferta elevada, o espaço para valorização dos prêmios se estreita.
Com os estoques cheios, a margem do produtor segue apertada — e o prêmio precisa subir muito para equilibrar as contas.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, os negócios no Brasil estão lentos, com vendedores e compradores longe de um consenso sobre os preços.
De acordo com os dados, em abril, o Brasil exportou 15,27 milhões de toneladas de soja, 4,2% a mais do que em março e no mesmo mês de 2024. Foi o terceiro maior volume da série histórica da Secex, atrás apenas de junho de 2023 e abril de 2021. Para a China, as vendas recuaram 3% no mês.