A motorista de aplicativo, Márcia Angola, 40 anos, viveu momentos de pânico após aceitar, a que seria a última viagem de sua jornada de trabalho, na quinta-feira (22.07), em Tangará da Serra (241 km de Cuiabá). Os falsos passageiros entraram em contato com a motorista pelo WhatsApp solicitando uma corrida.
Em entrevista exclusiva ao #vgn, Márcia, que trabalha há cerca de 2 anos como motorista de aplicativo, contou que por volta das 22h, recebeu o chamado pelo WhatsApp onde uma pessoa solicitava uma viagem particular. “Devido ao fato de morar em uma cidade pequena, nós temos vários grupos de corridas onde as pessoas nos chamam via WhatsApp. Neste dia, eu ainda disse que estava longe, pois realmente estava, mas ele insistiu e eu fui”, explicou a vítima.
No endereço indicado, quatro menores, todos de máscaras, embarcaram no carro. A motorista seguiu até o destino final e parou o veículo, um HB20, branco, em uma esquina escura. Ao estacionar, os criminosos anunciaram o assalto – e Márcia foi puxada para trás por um deles, que, posteriormente, assumiu a direção.
“Em determinado momento, do trajeto, por medo, eu puxei a venda, e acho que foi isso que os irritou. Eles começaram a me bater, me deram murros e diziam que iam me enforcar e matar. A saída que eu tive foi fingir de morta”, contou emocionada.
Os assaltantes, no entanto, perceberam que Márcia estava viva, quando notaram que ela estava respirando. “Um deles viu que eu estava viva, e os outros disseram: ‘Vamos matar, aperta o pescoço dela”, contou.
Após várias esganaduras, a mulher decidiu relaxar o corpo e fingir estar morta. “Eu só pedia a Deus para que eu aguentasse tudo aquilo calada, sem reclamar das dores que eu estava sentindo”, comentou.
O plano da motorista deu certo e os quatro bandidos foram até a ponte do Rio Sepotuba e a jogaram na água. “Quando eu caí, só lembro que pedi a Deus para que eu caísse na água, porque se caísse na terra eu tinha morrido. Afundei e, quando voltei à superfície, vi que eles estavam olhando. Continuei quieta e afundei de novo, deixei a água me levar rio abaixo, fui tentando me equilibrar, meio que boiando, pois não sabia nadar e não podia ir para o fundo“, explicou.
A vítima contou que ao notar que os criminosos haviam ido embora, procurou chegar às margens do rio e conseguir retornar para a rodovia. “Eu tentei pedir ajuda para várias pessoas, mas ninguém parou e eu desisti e resolvi procurar ajuda no sítio mais próximo. Entrei em um pasto e fui andando em direção a luz e foi onde contei tudo que havia acontecido comigo. Eles me ajudaram e chamaram a polícia“, relatou.
De acordo com informações oficiais, após diligências da Polícia Militar, com o apoio de populares que se comoveram com a história de Márcia, o carro e os menores foram localizados por volta das 8h do último sábado (24.07). Eles ainda tentaram fugir e acabaram batendo o veículo contra uma árvore. Neste momento, eles foram apreendidos e encaminhados à delegacia da cidade.
Menores apreendidos – No final da tarde, a juíza Leilamar Aparecida Rodrigues, da 2ª Vara Cível de Tangará da Serra (Infância e Juventude), decretou a internação provisória dos quatro menores acusados de roubo, furto e tentativa de homicídio contra Márcia Angola. Um menor, de 17 anos, e outros 3, de 16 anos, foram encaminhados para unidades socioeducativas, sendo três deles em Cuiabá e um em Rondonópolis.
Aplicativos – De acordo com Márcia, todos os aplicativos os quais ela é cadastrada se solidarizaram com a sua história e se disponibilizaram em ajudá-la. No entanto, a viagem aceita pela vítima foi realizada de forma particular, o que não é recomendado pelos representantes das plataformas que defendem o uso exclusivo do aplicativo na prestação do serviço.
Os administradores dos programas afirmam que o uso exclusivo da plataforma reforça, tanto a segurança dos passageiros quanto a dos motoristas.
Márcia disse à reportagem que vai continuar trabalhando como motorista de aplicativo. Contudo, garantiu que vai ficar mais atenta. Ela revelou que no início tinha medo, mas com o tempo, foi ficando mais confiante e acaba caindo em cilada.