A visão empresarial do governador Mauro Mendes foi, até aqui, responsável por seu sucesso na política. O pragmatismo sem culpa se mostrou eficiente em um campo onde muitos problemas são feitos para existir, não para se achar solução. A verdade é que Mauro sempre prometeu pouco. Recordo que, em campanha pelo governo do estado, nas famosas reuniões com os diversos sindicatos dos servidores públicos onde são apresentadas pautas de reivindicações futuras em troca de apoio, ele não compareceu, enviou representante.
Mesmo levando em conta que era favorito á época, não dá para esquecer políticos que levam suas promessas ao cartório para registro, tentando, num último momento de campanha, evitar a derrota a todo custo. Não vejo Mauro agindo assim.
O fato é que, o empresário Mauro Mendes conseguiu ver na colcha de retalhos que ainda é o código tributário estadual, a chance de aumentar, disfarçadamente, os impostos pagos por todos. Como por aqui a taxação vem por segmento e não por produto, aumentou alíquotas dentro da margem estabelecida. Chamou isso de correção de desconto, na prática aumentou tributos. O resultado é um superávit sequer sonhado para esses tempos bicudos.
Isso posto, vamos a colheita dos bons resultados. Um pacote de bondades, aquém das reais possibilidades foi apresentado à população.
Alguns itens com largo apelo político, mas com praticidade questionável, falo do desconto nos combustíveis. É muito provável que a redução nem alcance a quem foi direcionado. Mas veio no pacote um desconto importante na energia elétrica que pode fazer diferença nos orçamentos domésticos, algo que será lembrado a cada fatura recebida.
Era de se esperar que neste ponto o Mauro empresário saísse de cena e assumisse o político Mauro Mendes. Desse segundo era esperado que envolvesse o parlamento, o judiciário, Fiemt, Aprosoja, Fecomercio, enfim, os segmentos organizados da sociedade para apresentar os bons frutos obtidos e assim, ao dividir a vitória o governador fosse festejado e enaltecido por todos, por um longo período.
Não foi isso que ocorreu. Ao contrário, o Mauro empresário bateu no peito, chamou a atenção do terreiro e cantou de Gallo. Resultado: ninguém foi à festa da vitória, o governador está comemorando sozinho.
Para fechar, lembro um governante estadual que de tão personalista, mesmo quando atendia uma solicitação o favorecido saía falando mal dele.
Não à toa, alguns recados começam a ser emitidos ao Palácio Paiaguás, lembrando que não fosse a Assembleia Legislativa nada disso entraria em vigor etc.
Mas o dar de ombros, inclusive por beneficiados, como a indústria, pode trazer um recado maior: Ninguém se elege sozinho. Qual dos Mauros vai ouvir?