Intensifica-se a movimentação de políticos. Conversam mais, viajam mais. Mostram-se atuantes. Supervalorizam os próprios feitos. Igualmente procuram furar bloqueios, abrir espaços e deixam rastros por onde passam, e se esforçam bem mais que as próprias forças os permitem, para que os rastos venham lhes proporcionar dividendos eleitorais. Dividendos, com os quais se valem para pressionar quem está a construírem as chapas, em especial a majoritária. Cenário comum em todo o país. Mato Grosso não é diferente. Isto é fácil de perceber. Basta que se dê uma olhada nos vídeos e nas páginas da imprensa e dos sites, ainda que seja muito rapidamente, para notar o quanto anda a pressão exercida, e, em torno desta, toda uma falação, um disque-me-disque, além de notícias plantadas. Plantio, quando frutífero, deixa em evidência o ainda não evidenciado, e, desse modo, vão se dando as amarras. Amarram-se, embora os nós possam ser desfeitos, pois, no jogo político-eleitoral, são comuns acordos desfeitos, ajuntamentos desajuntados. Descontentamentos são registrados. Alguns mais, outros menos, a depender dos atores envolvidos. Envolvem-se tanto quanto comportam seus bornais-eleitorais, ou seus apoiadores, e estes se movem conforme os tamanhos dos apoios recebidos no passado, bastante próximo. Independente dos nós ideológicos existentes. Até porque nenhum personagem defende a candidatura de outro em razão de ligações ideológicas, ainda que se diga ao contrário, com frases feitas carregadas de faz-de-conta, ilusionistas por natureza.
Há um delírio, quase que histérico, e que se contradizem entre si. Mesmo assim, arrebatadoras, uma vez que o público vibra, e até pede bis. O jogo político-eleitoral, afinal, é um espetáculo, o qual provoca ou não brados de ovação, não em igual intensidade quanto a que se dava na Roma antiga, em razão dos triunfos obtidos. Brados seguidos de falações. Falações que pipocam nas redes sociais. Assim, as frases ditas por um dado ator-político ganham eco, e, ao se ecoarem, produzem barulhos. Barulhos dos que estão se sentindo desprestigiados, desamparados, e deixam transparecer a ocorrência de traição. Não acusam, sem negar que isso tenha acontecido, ou vem acontecendo, afinal, são incapazes de esconder suas mágoas, seus descontentamentos. E, então, falam em plano “B” na disputa. Disputa que ganha variados ingredientes, inclusive da plateia. Plateia que se manifesta também com palavras.
Palavras que formam uma oração, a qual pode ser entendida igualmente como opinião, embora desacompanhada de fundamentos. E, neste caso, inexiste a opinião. O que existe, de verdade, é o achismo. Este nada tem a ver com opinião, e esta, ao contrário daquele, só se dá sustentada pela fundamentação, assim como não se pode considerar o apontar defeitos como se crítica fosse. A crítica, até para existir, carece dos porquês, razões, fatos, os quais se constituem a argumentação, tal como na opinião. Já o botar ou apontar defeitos vem desguarnecido de fundamento. Por isso se diz, com tanta segurança, que o apontar defeitos é uma tarefa facílima. Diferente da crítica, cuja tarefa é muitíssimo difícil. Difícil inclusive por quem já se encontra, por tempos, a fazê-la, pois, vez ou outra, se pega a perguntar: “isso é uma crítica?” Resposta que não vem logo em seguida. Precisa certo tempo. Talvez por conta da reflexão necessária. Mas, por outro lado, o fato de perguntar a si próprio, por si só, realça a dificuldade da tarefa de criticar.
Exercício imprescindível. Ainda que distanciado da imensa maioria das pessoas, não familiarizada, e também de alguns que se apresentam como críticos, embora estejam bastante longe dessa função, pois não se dão ao trabalho de fundamentar suas afirmações. Por conta disso, contentam-se em navegar pelas ondas do achismo, envoltas com o apontar defeitos, o qual lhes manifesta como rebojo. Este é um tanto perigoso à navegação. Especialmente para barcos dos atores-políticos que costumam fazer da pressão sua maior arma quando estão em um parigato da política. Pois o embate das correntezas com a massa das águas paradas, sorvedouro, podem leva-los a afundarem de vez. É isto.
Lourembergue Alves é professor universitário e analista político.