Um político tem o dever de não somente falar com seus eleitores, mas, sobretudo, escutá-los. Para que eu pudesse representar, hoje, os interesses da sociedade mato-grossense, foi porque lá atrás pessoas depositaram um voto – de confiança e, também, de fé – em mim. Assim, enquanto eu tiver a honra de poder tomar decisões em nome de Mato Grosso, vou fazê-lo na base do diálogo, trazendo resultados não apenas para quem me elegeu, mas para cada cidadão dessa terra. Sem conversa, sei que não é possível avançar.
Eu nunca tive medo de me posicionar quando fosse preciso, nem de recuar quando necessário. Até porque, mais importante do que falar é estar verdadeiramente aberto ao que o outro tem a dizer. Foi dessa forma que ao longo de muitos anos de atuação na esfera pública travei batalhas e lutei pelo que acredito, sempre me pautando no respeito mútuo e no bem comum. Para mim, essa é a parte mais bonita da política: poder trazer as pessoas mais para perto das iniciativas que vão transformar, para melhor, a vida delas.
Estive nesta semana em reunião com o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), para discutir um projeto ambicioso e de extrema relevância para Mato Grosso, que é a retirada do Estado da Amazônia Legal.
O Projeto de Lei 337/2022, de autoria do deputado Juarez Costa (MDB) e do qual fui designado relator, é baseado em um estudo que mostra que, atualmente, é desvantajoso para os municípios mato-grossenses serem membros dela.
A Amazônia Legal, como a conhecemos nos dias atuais, foi consolidada com o estabelecimento da Constituição de 1988. Desde então, as 141 cidades de Mato Grosso estão sujeitas a uma legislação complexa e falha, por não levar em conta as especificidades do nosso Estado e seus biomas.
Não é à toa que MT tem uma grande dificuldade em se adequar à legislação e é onde existe o maior déficit de reserva legal – ou seja, propriedades com reserva legal inferior à exigida em lei – do país. Por isso, torna-se economicamente inviável para os produtores rurais recuperar tantas áreas.
No entanto, na condição de relator da matéria, tenho plena consciência de que sentar à mesa para dialogar com todas as partes envolvidas é mais do que uma obrigação, é a prova do compromisso que eu assinei quando me elegeram Deputado Federal ou quando fui Ministro da Agricultura.
Portanto, no que tange a iniciativa sobre a saída de MT da Amazônia Legal, eu não poderia tomar uma decisão antes de debater, sem radicalismo, com ambientalistas, produtores rurais e movimentos sociais. Por meio de audiências públicas, que irão acontecer nos diferentes municípios do nosso Estado, vou fazer o que sempre fiz, que é dialogar com todos e trabalhar pelas melhorias que nosso povo merece e necessita.
*Neri Geller (PP) é deputado federal por Mato Grosso